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Seqüestro e desvio vocacional

April 26, 2007

Em Campinas, desde aproximadamente o meio-dia do dia 24 de abril, um seqüestrador mantém como reféns uma mulher e seus dois filhos. A casa onde se encontra está cercada de policiais, que não têm a alternativa de invadi-la e nem de alvejar o bandido através de seus atiradores de elite.

Mesmo compadecido da mais que terrível situação da mãe e das crianças – em qualquer deles que pense e meu coração se enche de tristeza, pois não vejo onde colocar o termo “principalmente” para definir se a situação é pior para a mãe ou suas crianças – não foi possível deixar de considerar que o episódio manifesta com força enorme o triste resultado a que pode levar o desvio vocacional. Pois vocação é termo positivo; usá-lo e referir-se somente às positividades do sujeito.

O seqüestrador até agora deu mostras de estar no domínio da situação – pois agora são 12:45h do dia 26 e ele continua negociando sua escapada.

Imaginando-me (e à quase totalidade das pessoas que conheço) no seu lugar, por certo que já teria desistido da empreitada há muito tempo. Pois para sustentar situação assim é necessário possuir uma capacidade enorme de autocontrole ou, no jargão moderno, uma poderosa “inteligência emocional”, o hábito de controle das reações musculares e nervosas.

E se ele fosse um policial? Um investidor em bolsa-de valores? Um bombeiro? Um agente para situações de risco? Um médico cirurgião? Mas ele não é nada disso. Ele é apenas um perigosíssimo e experimentado bandido, sujeito que se desviou de sua vocação e orientou-se para o mal. É um claro e lamentável exemplo de desvio vocacional.

Joel, 26/4/2007